Amanheceu. Era uma segunda-feira, dia 07 de março. Não conseguimos descansar durante a madrugada. O tampão mucoso havia começado a sair no domingo, à noite, as contrações vinham em longos intervalos, estávamos tranquilos. A disponibilidade e segurança que nosso obstetra, dr. Thiago Saraiva, nos passava foram essenciais.
Não conseguia comer, vomitei uma vez, começamos a contar as contrações logo cedo, ainda conseguimos fazer umas fotos em casa mesmo, era notável a ansiedade da família. Na hora do almoço, as contrações se tornaram mais espaçadas. Dr. Thiago falou que era normal, mas iria nos examinar no fim da tarde.
Consegui comer um pouco, chegamos ao hospital e, logo em seguida, dr. Thiago chegou. Eram aproximadamente 17h, me examinou e viu que eu estava com 3-4cm de dilatação, perguntou se eu queria ocitocina e eu prontamente respondi que não. Ele decidiu nos internar uma vez que não moramos em Recife.
A partir daí, as contrações foram se tornando mais intensas e o intervalos entre elas ficando mais curtos. Aproximadamente, às 20h, já no apartamento, dr. Thiago me examinou novamente e eu estava com 8cm de dilatação. Nesse momento, as dores já eram intensas, mas foi amenizada com a presença de alguns que são extremamente importantes em minha vida: Augusto, meu companheiro e cúmplice, esteve comigo antes, durante e depois, sei o quanto foi cansativo. Suas manobras, atenção e cuidado ajudaram, e muito, a aliviar a dor. Sempre vou me lembrar de você me dizendo: “tu vence!”. Obrigada, meu amor.
Simony, minha irmã, que ficou responsável pelas fotos. Confesso que, por um momento, pensei que você iria desistir, mas resistiu e conseguiu dividir com a gente esse tempo que foi um marco em nossas vidas, obrigada, irmã.
Dr. Thiago Saraiva, obstetra, nosso amigo desde antes, ser humano competente e atencioso, esteve com a gente desde o pré-natal, sempre irei me lembrar de, num momento de dor e extremo cansaço, você me dizer: “Obedeça seu corpo, Amélia”. Como foi importante ouvir isso. Muito obrigada por tudo.
Dra. Viviane Pontes, obstetra, lembro que, na única consulta que tivemos, eu falei que gostaria muito de que você estivesse com a gente no dia do parto e, para nosso contentamento, você estava lá. Obrigada por tanto, por me pedir, em meios aos meus gritos, para vocalizar, pelos toques na minha lombar, pelos exercícios com a bola suissa, pela linda trilha sonora, pelas palavras de carinho, por escutar o coraçãozinho do nosso bebê sempre, por me apresentar à banqueta, obrigada.
Dr. Reginaldo Freire, neo pediatra, pelos esclarecimentos na consulta pré-parto. Foram importantíssimos. Por dar os primeiros cuidados ao nosso bebê de forma tão competente e carinhosa, obrigada.
Era 08 de março de 2016, completávamos exatamente 39 semanas, eu estava apoiada na banqueta. Augusto Calado, sentado no chão, à minha frente, dra. Viviane, sentada por trás de mim, dr, Thiago, sentado do meu lado direito, Simony, fazendo fotos e dr. Reginaldo, próximo a nós.
Uma das canções dizia que ele viria e eu escutava seus sinais. A dor se transformou em ardor, deveria ser o chamado círculo de fogo. Sabíamos: estava cada vez mais perto.
À 1h04min, nasceu Ravi, empelicado (dentro da bolsa), com uma circular de cordão, ao som de uma linda canção:
“Bem-vindo, meu novo ser, cercado de proteção, de tanto amor, tanta paz dentro do meu coração. É como se eu tivesse esperado toda vida pra te embalar, é como se eu tivesse esperado toda vida pra te embalar”
Foi memorável. Ravi foi amparado primeiramente pelo pai, Augusto, que, em seguida, colocou-o nos meus braços. Eu o embalei, agradeci a Deus, desejei boas-vindas. Consigo lembrar que todos abriram um sorriso no momento do nascimento. Lembro-me, também, de dra Viviane nos dizendo que nascer empelicado significava que o bebê seria um menino de sorte.
Esperamos três minutos para cortar o cordão. Ravi foi pouco manuseado e não saiu um segundo sequer de perto de nós. Pari Ravi ao lado de pessoas que são muito importantes em nossas vidas, pessoas que falaram, exatamente, o que eu precisava escutar. Não precisei sequer de um acesso venoso, nenhum corte ou qualquer procedimento invasivo, Ravi não precisou ir para o berçário. Isso é o que entendo por humanização.
Agradeço à família, que esperou pacientemente na recepção do hospital para conhecer Ravi, aos amigos, à equipe de Enfermagem, a todos que, mesmo distante, estavam com pensamentos positivos e em oração.
Obrigada, Deus, pela permissão para que tudo isso acontecesse, pela tua bondade e teu amor conosco.
Às mulheres: valorizem o poder que cada uma de vocês tem, compreendam e obedeçam a seus corpos, vocês podem mais do que imaginam.