Sempre tive a certeza que iria ter um parto por via normal, mesmo antes de conhecer o “parto humanizado”. Acreditava que era instintivo e fisiológico do corpo da mulher se preparar para o nascimento do seu filho.
Demorei um pouco para conseguir encontrar um acompanhamento que me deixasse segura, que me apoiasse e que esclarecesse sobre assuntos que por ventura eu estava equivocada…
Assim que descobrimos a gravidez, vivíamos um bombardeio de informação, dúvidas e cuidados para evitar a picada do mosquito que pudesse transmitir o ZIKA vírus. Foram 4 meses intensos e amedrontados por isso! Tanto que muitas vezes eu me pegava pedindo a Deus que o tempo passasse muito rápido, que os 9 meses da mais gostosa espera de nossas vidas passassem num piscar de olhos. Somado a isso, tinha a incerteza do acompanhamento pré-natal. Fui para nada mais nada menos que 7 obstetras diferentes e tive 7 desapontamentos. Realmente pensei que não conseguiria ser acompanhada da maneira que sempre sonhei.
Mas Deus é tão maravilhoso em minha vida, que mandou o obstetra que eu tanto queria ser acompanhada, para dentro do meu trabalho e tudo deu certo! Um ser repleto de luz e de humanidade dentro de si. Ah Doctor! Não imaginas o tamanho do alivio daquele dia!
De fato minha gestação começou (KKKKKKKK)! E como sempre imaginei, tive uma gravidez ativa, saudável e repleta de amor. Trabalhei, treinei, viajei… conseguir me preparar para o parto como imaginava, fisicamente e mentalmente.
E como é delicioso estar grávida! As pessoas olham para você com mais amor, com mais cuidado e zelo. Acho que brota um sentimento de esperança no coração das pessoas , ne? Sei lá, só sei que é massa!
Pois bem, na terça-feira (21/06/16) a noite chego em casa depois do ultimo dia de atendimentos e deito no sofá. De repente, uma contração intensa, a que eu nunca tinha tido ainda, mas não dolorosa. Tiro foto e mando para a minha Doula (mairBahia) e ela diz: Ah! Que contração boa danada!
Me manda baixar um app de contrações do celular, mas a louca aqui não conseguia marcar kkkkkkkk demorei um pouco para aprender, mas depois deu certo! Pediu para eu ficar observando e tentar descansar o máximo que pudesse que eu poderia entrar em trabalho de parto a qualquer momento.
Mas, não! Foi uma noite uma pouco inquieta do que as demais, mas nada de muito ruim.
Na manhã seguinte (22/06/17) tinha consulta com Thiago as 12h00, pedi para antecipar e fui logo depois do café da manhã. Chegando lá, estava já com 3 cm de dilatação e a ficha começando a cair. Thiago mandou um voltar para casa e descansar, relaxar e tal…
Oi? Posso parir a qualquer momento, como posso descansar e relaxar? Kkkkkkk
Pergutei se poderia treinar ou pelo menos fazer pilates …
fui para o salão fazer unha e depois fui para casa. Liguei para minha mãe para avisar e tentar deixa-la mais calma. Isso mesmo, as pessoas que consegui avisar, tive que acalmar kkkkkkk)
Almocei, deitei, conversei, deitei de novo… Refiz a mala da maternidade. No final da tarde as contrações começaram a evoluir. Era um dor “gostosinha” depois começou a ficar “chatinha”. Anderson (meu marido) me ajuda com o app das contrações para enviar para o Thiago e Mariana.
Fiz o jantar, comemos. Depois de alguns minutos tive a primeira ânsia de vomito, única na minha gestação inteira. As contrações ficaram mais fortes e fui para debaixo do chuveiro.
Ah o chuveiro! Amor maior! Como aquela água quentinha alivia as dores.
Mari já estava a caminho da minha casa! Chegou e me ajudou com algumas massagens. Tudo estava ainda bem suportável. As 21h e pouca Mari sugeriu irmos para o hospital. Avisou a Thiago e nos organizamos para sair. Minha mala, mala de malu, minha lancheira e o bebe conforto. Na porta do elevador, nossos vizinhos recém-chegados pede para fazer uma oração. Oramos!
O caminho do hospital nunca foi tão longo! A via Mangue tem quantos km mesmo, 50? Nossa senhora!
Chegando na porta do hospital, estava Thiago parado esperando a gente e com uma sacolinha de presente na mão. Ah gente! Andrea, a esposa dele, mandou o lacinho vermelho de malu! Tem coisa mais linda e rica do que isso?
Fui pra a sala de Triagem. A sensação foi a de ter passado 2 dias nessa sala (HEHEHE) ate resolverem a burocracia do internamento e liberarem o quarto. Mas estava com minha trupe de super poderes: Mari fazia massagens que aliviavam a dor, Thiago colocou a playlist do cel dele para tocar, as luzes estavam apagadas, Anderson me abraçava, me ajudava a respirar e ainda dançava comigo …. Fizeram da triagem um lugar mais aconchegante!
Finalmente liberaram o quarto! Vamos subir… Acho que só tínhamos nós parindo no hospital! Era antevéspera de feriado … No quarto, tirei a roupa e corri para debaixo do chuveiro… mari colocou a bola, sentei e de lá não queria mais sair! Sentia o cheirinho do incenso de Mari, sentia o carinho deles dentro do quarto. Anderson continuara a me ajudar a respirar e a vocalizar a dor. Manddo a eu olhar para cima e para esquerda, na tentativa de captar pensamentos e lembranças positivas. Não saiu do meu lado, nem por 1 segundo…. Engraçado, tínhamos revezamentos de gargalhadas e de apertos quando a contração chegava! Por isso temos varias fotos de todos sorrindo!
Ah, como dói! Dói mesmo, dói muito!
Vivi (obstetra da equipe de Thiago) chega com aquela carinha de bebe dela, com uma voz suave e cheia de carinho, se apresentando! Ah, vivi! Você fez diferença… Tão delicada, pedindo minha permissão para fazer o “Toque”.
Mari sentadinha na porta do banheiro, Anderson dentro do chuveiro comigo!
Como demorou para sair dos 7cm de dilatação!
Musica tocando ao fundo….
Me ajudavam a hidratar… Não lembro quem colocava na minha boca a água e a água de coco, mas sei que colocavam…
Mais contração! Alivio! Soneca! Outra contração… e assim foi nossa noite/madrugada.
Sai do chuveiro. Deitei na cama… Thiago e mari tentavam apertar o meu quadril para tentar aliviar a dor… Mari com mais massagens … Anderson me ajudando a respirar….
Olhei pra Thiago e disse: será que consigo?
Ele: Você já está conseguindo!
10 cm!!! Ah não acredito! Vamos para o bloco…
infelizmente, no memorial não era permitido parir no quarto… Ficamos o máximo que podíamos no quarto e depois todos foram para o bloco.
Desligou o ar, luz baixa.. a mesma trilha sonora…
Vivi dança comigo um pouco, enquanto todos colocam a roupinha verde!
Prefiro ficar agachada! Subo.. Agacho…subo de novo… Agacho outra vez!
Me colocaram na banqueta… Anderson por trás me dando força, de um lado Thiago e de outro mari segurando as minhas mãos…. Thiago com a voz mansa dizendo que eu estava ótima! Que estávamos quase lá…
eu olhava pra ele e dizia: Doctor, será que não tem nenhuma coisinha pra mim? Qualquer coisinha! (não pedi analgesia nem a pau kkkkkk)
Ele dizia que não tinha e que eu estava ótima! Que eu me concentrasse e fizesse o que meu corpo estava mandando!
“Escute a musica! Você está ouvindo? É a Hora de malu! Ela está chegando!” , dizia.
Eu dizia: é mais uma concentração, doctor!
Ele: Não, bel! É menos uma! É menos uma para Malu chegar! Olha a cabecinha dela! Tirou a foto e me mostrou a cabecinha dela coroando! Relaxe e faça o que seu corpo está mandando.
Olhava pra mari, e ela com a cabeça e um sorriso afirmava tudo que ele dizia!
Em poucos instantes pediu para Anderson sair de onde estava para ir ao chão esperar malu. Mari ficou em seu lugar me acalentando.
Algumas contrações e eu sentia minha filha virando para encaixar e poder sair….
Um ardor muito forte chegou e uma vontade incontrolável de fazer força!
Nasceeeeeu as 4h50 da manhã do dia 23 de junho de 2016, com 50 cm e 3,785kg de peso. Foi pega pelo papai! Lagrimas caiam dos nossos olhos e um amor imensurável acabara de nascer!
Rapidamente, Anderson a colocou em meus braços! Dei um grito de alegria e logo coloquei no peito para mamar!
Procurei REGI e numa expressão de alegria, ele dizia “tá tudo bem bel, ela é sua!” e malu mamava sendo acariciada pela mamãe e pelo papai, nos seus primeiros minutos de vida!
Depois, juntos, eu e Anderson, cortamos o cordão umbilical de malu… depois de mamar um pouco Anderson levou para pesar e fazer os procedimentos com Regi.
Ah! Que momento fantástico! Que sensação inenarrável!
Eu consegui! Minha filha escolheu o dia e o momento certo para ela!
Muitos me perguntam se eu sofri muito meu trabalho de parto. Gente, existe uma diferença gigantesca entre sofrer e sentir dor, viu? EU não sofri em momento algum! Muito pelo contrario, o meu parto foi repleto de amor, de aconchego e de atenção.
Dor? Tive, e não foi pouca! Mas é uma dor que dá e passa… quando a gente acha que não vai conseguir é justamente o momento que nosso bebe está saindo!
E esse foi o dia mais desafiante e mais repleto de amor que vivi até hoje!
Grata sou a Deus por ter permito um parto assim, tão rico!
Rico de emoções e de sentimentos.
Obrigada meu amor (Anderson), por ter segurado forte em minha mão e ter parido junto comigo!
Obrigada Thiago saraiva, por todo conhecimento, acalento e cuidado.
Obrigada Mari, por todo apoio, pelo olhar sereno, pelas massagens e cuidado com a gente!
Obrigada Reginaldo, por todo cuidado e atenção com o nosso bem mais precioso, principalmente nos primeiros dias de vida dela.
Vivi, seu toque, sua delicadeza e todo seu carinho também fizeram muita diferença nesse dia tão intenso.
Meu muito obrigado a todos!